O REBOLATION DE CARNAVAL DO LOBO MAU

REBOLATION É BOM-BOM, REBOLATION É BOM-BOM-BOM.
A segregação é muito nítida, é visual, é corporal, ela te atropela. Não há como não ficar constrangido dentro de um bloco de gente branca, com gente cinza acorrentada e de fora a pobreza negra com olhos esfomeados. E lá vai meu celular na pipoca. Justiça social é isso aí! Dou maior apoio! E todo momento os homens e mulheres de cinza me pedem um real, pois a Ivete só irá lhes pagar na quarta de cinzas. Pedem cerveja também, distribuo renda por intermédio de latinhas de cerva aos trabalhadores-carnavalescos.

CHAPEUZINHO PRA ONDE VOCÊ VAI, DIZ AÍ MENINA QUE EU VOU ATRÁS.
Bloco em Salvador é para pegar, e pegar significa dar uns beijos e partir pra outra. “Como vai você? Qual é seu nome mesmo? É, são jatos de energia retilíneos emitidos e eu curto isso pacas! É um pouco assustador não é?”. Isso diria Arnaldo Baptista, mas ele, como é Loki, pode curtir à vontade. Eu lá, sei lá! E tudo isso na força física, porque senão o tsunami (a massa pulante na frente do trio) passa por cima. Isso quando o próprio trio já não é o próprio tsunami, e vem com tudo ao ritmo da alegria compulsiva. E levo porrada de polícia, levo de pipoqueiro, levo de cordeiro, levo de mulher também.

COMIGO É NA BASE DO BEIJO, COMIGO É BASE DO AMOR, COMIGO NÃO TEM DISSE-ME-DISSE, NÃO TEM CHOVE NÃO MOLHA, DESSE JEITO QUE SOU.
Ao final, vamos as contas! Quantas mulheres eu peguei mesmo? Eram barangas ou bonitas? Será que lembro o nome ou a cara de alguma? Mas, na boa, peguei alguma mesmo? Não importa, alegria, alegria, É TUDO OU NADA! É AGORA OU NUNCA! HISTERIA COLETIVA! ALEGRIA, ALEGRIA!

TUM TÁ TÁ... TUM TUM TÁ RÁ RÁ... NO BALANÇO DO CHICLETE, CHICLETEIRO VAI DANÇAR...
Ah, os homens cinza! Os homens cinza são negros, mas chamo de cinza, pois a camisa é dessa cor (para diferenciar entre os brancos de dentro e os negros de fora). Eles vivem grudados em uma corda, para segregar a branquelada rica do sul com a massa pobre nordestina. Não têm carteira assinada, levam porrada de quem está de dentro e quem está de fora, têm direito a duas águas quentes (alegaram não ter como servir gelada, mas eu bebi cerveja gelada o tempo inteiro) e um pão-de-queijo (não, não estamos em Minas, mas na Bahia).

ELA ME DEU O VALE-NIGHT, Ô, Ô, Ô, EU PRECISEI DO VALE NIGHT, Ô, Ô, Ô,  EU ANDAVA TODO ESTRESSADO, AGORA A COISA MUDOU.
Peraí, axé é música? Pular é dançar? Peraí, como saio do bloco? O quê, não pode sair, tem que esperar acabar? Mas daqui onde estou não ouço o trio (Graças a Deus!), parece um cortejo fúnebre de foliões zumbis de abadá e não posso atravessar a corda dos homens cinza que separam os homens brancos da propaganda de banco e cerveja? E para fazer xixi, como é que é? O quê, dar dez reais para o segurança te levar para fazer no barranco? Ih, já que não tem como sair, vamos surfar, que lá vem o tsunami de novo!

EU SOU O LOBO MAU, AU, AU, EU SOU O LOBO MAU, AU, AU, EU SOU O LOBO MAU, HAU, HAU,  EU SOU O LOBO MAU, HAU, HAU, E O QUE VOCÊ VAI FAZER, AHHHHHH, VOU TE COMER, VOU TE COMER, VOU TE COMER, VOU TE COMER, VOU TE COMER, VOU TE COMER, VOU TE COMER, VOU TE COMER, VOU TE COMER, VOU TE COMER, VOU TE COMER, VOU TE COMER...

Rodrigo

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