... e ela veio de longe. Chega com enorme bagagem, mas nem uma mala sequer. A bagagem é de uma vida, e na bolsa cheia de memórias há segredos bem guardados. Lembranças deliciosas e temperadas com encantos mantém vivo o passado pouco distante. Com sorrisos eloquentes e contestações sutis se agiganta em seus poemas. São retratos de uma alma revelados em paixões e enredos envolventes. Surpreendem...! Incitam em todos fantasias de amor.
Em lugar de faunos, fadas e anjos deslumbrantes surgem coxos, cegos e acidentados, e todos com a beleza da feiúra. Incríveis histórias de mangueiras, conduítes e percevejos assumindo ares de falos sedutores. Emoções e ilusões, mescladas em coquetel de sonhos, são regadas por rum. Imprevisível e sedutora, a poeta nos convida a viajar. Viagem em devaneios pelo nosso interior.
O pitoresco da estória, no entanto é um padre singular. Aprisionado em seu hábito não é coxo e tampouco feio, imagino até sendo bonito. Entrega a alma a Deus, e logo após é encarcerado na doutrina. Pobre coitado. Ao negar o instinto animal as preces são deveres do ofício e a renúncia o corolário natural. Seus dentes corroídos desvelam uma tristeza, deixando a mostra amores não vividos e desejos reprimidos. Inspira compaixão... e logo brota a indagação. “Mas de que vale a vida sem paixões? De que vale o céu, o mar, o infinito e o transfinito sem o amor carnal?”
Mas, sendo clérigo fica ao largo das paixões mundanas. Aquelas que sentimos e nos arrebatam totalmente. Justamente essas que são nossa pulsão / razão de ser. A poeta ardente não resiste, e lhe dedica um poema. Em uma ode ao fruto proibido, a serpente bíblica revela enfim o desejo oculto – “Ai, meu Deus... como gostaria de morder essa maçã...”
Richard
Gostei, curto mas incita a amplidão da imaginacão!
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