Não me pergunte como cheguei lá. Mas eu estava Tokyo. Num jantar do qual guardo estranha lembrança. O cenário era calmo, numa sala limpa e com música suave. Havia o silêncio da intimidade. Eu estava longe do meu mundo e de minhas referências femininas. Sentia-me desconfortável com aquela roupa pesada, com as armaduras e sem espaço. Nem conseguia respirar direito. Estranhei quando aquele homem entrou. Ele não sabia porque estava ali. Com aquela indumentária e com aqueles modos de forçada afetação. Ele rangeu os dentes quando me viu. Mas sorriu por obrigação e eu o encarei com a frieza de quem deve ser servida. Serviu minha comida com cuidado e com delicadeza. Louvei sua beleza. Ele baixou os olhos timidamente. Eu era uma mulher samurai e ele um homem gueixa.
Clicia
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